Olho no relógio, 12h25min ainda. A aula não termina, os minutos finais parecem demorar eternidades. Já não presto atenção em nada, “o que a professora estava falando mesmo?!” Por que isso demora tanto? Última aula de uma sexta-feira. Os cinco minutos mais arrastados da minha vida. O sinal bate. Não espero nem o “bom final de semana” da professora, pego minhas coisas e saio da sala. Não me despeço de ninguém e isso não faz a mínima importância para mim no momento e, acredite, para eles também. Caminho o mais rápido possível, precisava sair daquele lugar. Tive a sensação de esbarrar em algumas pessoas, isso não me importava. Saio da escola, atravesso a rua correndo. Olho para todos os lados procurando por ele. A cada segundo que passa, minha ansiedade aumenta. Sinto alguém tocar de leve meu ombro, me viro devagar para tentar olhar a pessoa. Era ele. “Era ele!”. Meu coração disparou. Minha respiração começou a ficar fora do normal. Soltei meus cadernos, bolsa que caíram no chão. Ele sorriu, me olhava diretamente nos olhos. Não pensei mais em nada, ele estava ali, ele sim importava, ele sim valia a pena. Pulei em seu colo, coloquei as pernas em volta de sua cintura. Eu queria fazer aquilo há tempos. Algumas pessoas gritavam, outras ficavam nos olhando. Aquilo não fazia diferença para nenhum de nós. Eu me perdia naqueles olhos... tão profundos, olhares tão significativos. Ouvi-o murmurar: “Saudades”, respondi: “Muitas”. Logo depois, ele aproximou seu rosto do meu. Podia sentir sua respiração próxima da minha que estava completamente descompassada. Um arrepio percorreu meu corpo. Sorri e ele me beijou. Perdi totalmente a noção das coisas, o mundo tinha parado, só podia ser isso. Entreguei-me àquele beijo. Apertava-me cada vez mais a ele, só para ter certeza de que tudo era verdade, de que era ele ali mesmo e não era mais um de meus devaneios solitários. Aqueles lábios. Era tudo tão bom. Terminamos o beijo, ele me abraçou. Podia sentir seu cheiro. Um cheiro que já faz parte de mim, está impregnado na minha pele. Era isso. Sentia-me completa de novo, como se minha vida estivesse começando outra vez. Ele estava de volta. Ele tinha voltado para mim. Tudo voltava a fazer sentido com ele ao meu lado. Era muito melhor que meus sonhos. Era realidade. Suas mãos sobre minha cintura me passavam a sensação de segurança. Nada nem ninguém poderia me atingir ali em seus braços, talvez porque ele não deixaria. Tudo ficava tão vulnerável sem ele, isso era fato. Olhei-o nos olhos e implorei silenciosamente para que ele não precisasse partir de novo. Não agüentaria sua ausência mais uma vez, a dor era insuportável. Sem ele, tudo voltava a ser como antes. Sem ânimo, sem vida. Ele olhou-me novamente e disse: “Ficarei aqui com você, não se preocupe”. Sorri. Ele me conhecia tão bem, com um simples olhar já sabia o que eu estava sentindo, percebeu essa minha angústia. Desci do seu colo e olhamos a nossa volta. Estávamos na frente da escola ainda. Só restavam algumas pessoas ali. O tempo realmente passa mais rápido quando se está com ele. Ele pegou meus cadernos e eu peguei minha bolsa. “Vamos sair daqui!”. Apenas consenti. Ele pegou minha mão e a segurou, apertei-a. Olhamo-nos novamente e rimos. Aquela risada era tão gostosa, tão contagiante. Descemos a rua correndo e rindo. Como sentia falta dessas pequenas coisas que fazíamos juntos. Ele era meu vício. Minha respiração. Minha vida. E tinha voltado. Tudo estava bem. H xx
sábado, 3 de maio de 2008
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Um comentário:
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